domingo, 1 de abril de 2012

I - 01/04/2012

 Mais tarde me encontrei com os meus amigos no refeitório da república.

 - É sério que você não sabe o que é uma garçonete? - Quando entrei ouvi a Fabi fazendo a pergunta completamente bestificada para Alicia.

 - Se acostume! - Disse assim que me sentei. - Eu estou tentando fazer isso...

 - Então vou ter que procurar na internet. Como vou representar um papel que nem sei do que se trata?

- Garçonete é a pessoa que fica servindo bebidas para as outras pessoas. É só treinar um pouco que vai ser a melhor de todas na apresentação. - Era incrível como o Mateus era gentil, pelo menos deixou a Alícia mais confiante e menos doida.

Mas estava com outra urgência para tratar com meus amigos.  - Provavelmente já sabem quem vai estar na peça...
- É, A Alicia nos falou. Não se preocupe... - Mateus tentou me tranquilizar vendo o desespero que estava estampado no meu rosto. - Ele vai precisar se sair bem para voltar a ter a confiança da diretora... Não vai estragar nada. 

 - Assim eu espero. - Suspirei triste. - Ela não poderia dar qualquer outro castigo para ele? A turma de economia, por exemplo? Alicia iria adorar, não é?
 
 Mas ao me virar, a menina não estava mais sentada do meu lado e sim correndo para fora do refeitório.

 - O que será que aconteceu? - Mateus perguntou apreensivo.
Me levantei rápido para tentar alcançá-la. - Eu vou atrás dela. 

 Subi correndo para não perdê-la de vista, e pude ver que ela tinha entrado no banheiro.

Só que assim que dei o primeiro passo para entrar, uma luz azul surgiu dos cantos da porta e um barulho imenso veio de dentro. - Alícia! - O medo era tanto que eu só consegui sussurrar o seu nome.

sexta-feira, 23 de março de 2012

I - 23/03/2012

 - Foi mal aí, professora. - Ele foi falando e sentando de qualquer jeito na cadeira.

 - Para os desavisados, esse é o nosso colega, Gustavo! Ele vai participar da peça por ordens da diretora Célia.

 A professora continuava a explicação com um tom de voz que parecia que a qualquer minuto ia voar no pescoço dele e quebrá-lo em pedacinhos. - A nossa querida diretora acha que o rapaz precisa se misturar com outras turmas para parar de procurar brigas na faculdade... Vamos ver se dar certo...

 - Uau! Se isso é castigo... Eu vou agora mesmo bater no primeiro que encontrar, só para ir na sala da turma de economia... Viu o gatinho que entrou lá quando a gente estava subindo?
Eu estava tão chocada com a informação que a Nilza estava passando que não teve espaço no meu juízo para me assustar com as loucuras da Alicia. 

- Como estava dizendo antes de ser interrompida... – Ela foi se animando aos poucos. - A peça será a escrita pela Julieta, que agora fará a leitura dos personagens... Assim que ela terminar, peguem os seus textos e podem ir para casa.

 Não conseguia deixar de olhar para o Gustavo sentado como se estivesse pronto para sair da sala no primeiro comando e não ter raiva... Tudo estaria perdido com ele no elenco agora.

 Depois lembrei do episódio de mais cedo quando ele estava brigando com aquele menino no pátio... A diretora devia estar mesmo sem opções de castigo para ele.

 - Bom... - Julieta começou a ler para si os nomes, mas não teve coragem de falar para a turma.

 - Professora? - A cara que ela fez quando se virou era de terror. - Tem certeza de que é isso mesmo?
- Tenho, minha querida! Pode continuar...

 A menina deu de ombros, pegou novamente o livro e começou a leitura. - Jéssica vai ser a Elizabete, personagem central da trama. Cecília vai ser a Rosa, prima de Elizabete, Fernando será o tutor das meninas...

 - E... - Ela foi andando e parou bem de frente para o Gustavo antes de continuar. - O visitante aí vai ser o Arthur, noivo da Elizabete e seu par romantico. – O tom literalmente era de sarcasmo.

  - O que? - Gustavo se levantou de um pulo. - Eu não posso, ser esse daí, nunca fiz isso na minha vida!
 Em uma tentativa desesperada de salvar a pátria e a peça, Julieta se virou para a professora. - Eu concordo! Ele vai estragar tudo que escrevi, vai ser um desastre! 

 - Adoro barraco! - Alícia pelo visto era a única que estava se divertindo naquele lugar, também... Se fosse diferente não seria ela.

 - CHEGA! – Nilza deu um grito tão alto que dava com toda certeza para ser ouvido lá do Alasca.

  - Não quero saber de falatórios! Os personagens já foram divididos, peguem seus textos e decorem tudo até a próxima aula...

 Nisso a Alicia se levantou e foi falar com a professora. - Pró! A senhora não me deu nenhum papel...
- Alícia! Me desculpe... Tudo bem para você ser a garçonete? 

  Claro que ela abriu logo aquele sorriso. - Ai que maravilha! Então eu sou a garçonete!

 - Ótimo! Podem sair! - A professora exclamou exausta. Também! Foram muitas emoções para um primeiro dia de aula.

 Quando me levantei, o pessoal ainda saia reclamando do ocorrido. Todos sabiam que ele ia boicotar nossa apresentação só de vingança porque a diretora lhe deu esse castigo.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Atraso!

Galera!

Sei que sumi, mas venho para explicar o que aconteceu!
Me mudei de casa no começo de fevereiro e exatamente hoje fui conseguir transferir a internet para a casa nova, e lá no trabalho ficou bem complicado acessar o blog porque foi bloqueado, eu posso ver, mas não posso fazer login e efetuar as postagens.
Mas agora já estou com net em casa e amanhã de noite recomeço a postar.
Obrigado à todos!
Jamile Correia

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

I - 31/01/2012

 - Se quiser, eu transformo ele em um elefante em dois tempos...

 Tomei um susto ao constatar a maluca da Alícia parada do meu lado. - Quando foi que você chegou?

 - Eu? Estava aqui o tempo todo e vi aquele sem noção brigando com o Deus grego. - Depois deu um largo suspiro.

 - Você ouviu a briga? - Diga que não, diga que não... Era o que o meu cérebro processava.
- Claro que ouvi... - E ela começou a fazer aquela cara de que a louca da história era eu. - Mas posso te dar umas ótimas dicas de como se ouvir conversa sem precisar ficar quase na frente deles. 


- Não estava ouvindo de propósito. - Tentei me defender.

  Alícia não falou nada, ficou apenas com aquele sorriso largo, nada deixava aquela menina chateada, tudo era uma festa para ela.

 - Porque não foi para a república com o Mateus? As aulas já acabaram... - Achei mais seguro mudar de assunto...
- Há! Eu tenho outra aula agora... A Diretora me disse que era atividade extra-conjugal ou uma coisa do tipo.


 - Extra curricular... - Corrigi bestificada.
- É! Isso mesmo! Eu sabia que começava com “C”. É de teatro, adoro teatro. 

 - Sua aula é de teatro? - Precisei repeti para poder entender bem aquela informação...
- É, tem algum problema? - Me perguntou curiosa. 

 - Eu também tenho essa aula agora...
- Que legal! - E logo apareceu o sorriso engraçado... - Então vamos! Estava um pouco apreensiva porque não conhecia ninguém, agora estou mais tranquila. 

 É... Parece que o destino colocou aquela maluquinha na minha vida de forma integral... Estudamos na mesma sala de manhã e de tarde e moramos no mesmo lugar. Vamos ver para onde essa amizade vai me levar.

 Depois de passarmos na biblioteca, fomos para a sala de teatro no segundo andar.

 Quando entramos, a professora Nilza já estava dando algumas orientações.

 - Como todos sabem, estamos responsáveis pela peça na festa de aniversário da nossa universidade... Depois de estudar vários textos, escolhi o produzido pela nossa colega Julieta. 

 - Não vou entrar em detalhes sobre a história. Hoje vamos escolher os personagens e todos levarão para casa os textos para estudarem. No nosso próximo encontro começaremos os ensaios.

 - Nem preciso falar, mas todos sabem que peço o máximo de dedica... - Mas ela parou o que estava falando ao encarar a porta.

 - Finalmente o senhor chegou... Venha! Procure um lugar para se sentar, vamos começar os trabalhos e não quero mais atrasos.

 Dei uma leve virada para trás...Mesmo de longe vi quem estava entrando, e não consegui acreditar...

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

I - 26/01/2012

 Querido diário, só vim te dar uma boa noite, pois estou morta de cansada. Amanhã a rotina começa e preciso estar preparada. Depois te conto tudo que aconteceu.

 Não demorei muito para acordar na manhã seguinte, tomei um banho rápido e desci para encontrar meus amigos no salão da republica.

 E como no semestre anterior... Fomos os três para a sede da faculdade.

- Que aula vai ter agora, Fabi?
- Eu acho que Ética I, não sei ao certo... Ainda não decorei o horário.
Os meus amigos conversavam animados enquanto subiam as escadas que dão acesso a faculdade. A Fabi não estudava na mesma sala que eu e o Mateus, pois ela faz o curso de Filosofia e nós, direito. 

 Me despedi da minha amiga e entrei na sala.

 - É, vamos começar mais uma batalha...
- Pois é... Mais um semestre. – Falei em suspiro. 

 Nisso, a professora Telma de Introdução ao direito II entrou na sala. Mas ela não estava sozinha, a menina maluquinha do ioga estava lá.

 - Sentem-se todos. – Ela precisou falar mais alto que o normal, pois a turma do fundo não dava sossego.

 - Em primeiro lugar... Sejam bem vindos de volta à UESF. Temos uma nova colega no curso. O nome dela é Alicia e está morando na republica Acácia. Veio transferida de outra cidade, espero que todos sejam super receptivos e ajudem-na no que for preciso. 

  Fiquei observando a menina por um tempo, que continuava sorrindo, e não ouvi as palavras finais da professora, pois quando me dei conta, a novata já estava vindo na minha direção.

 - Oi! – Disse para o Mateus, mas ele não teve tempo de responder, pois ela já recomeçava a falar. – Será que poderia trocar comigo?

 Ela foi diminuindo o tom de voz e quase não consegui entender o resto. - É que só tem aquele lugar vago na frente e não gosto de sentar ao lado de meninos que não conheço. 

 - Há! Tudo bem! A gente troca. – Mateus foi falando e se levantando.

 E ela sentou ao meu lado. 

 - Nossa! Estou doida para saber o que vamos aprender nesse direito. – Ela falava maravilhada e eu completamente abismada.

  Enquanto tentava entender o que dizia, Alicia continuava com a loucura. – Eu preciso muito que algumas matérias comecem logo, pois tenho que aprender rápido como estudar direito. Preciso aprender a sentar direito, comer direito, andar direito, falar direito... Esse último mesmo deve ser muito difícil, vocês falam rápido e eu não entendo nada.

 - Espere ai! – Decidi interromper aquilo antes que EU ficasse louca também. – Você nem sabe do que vamos estudar?

 Só que pela cara que ela fez quando ouviu a minha pergunta, parecia que estava pensando que a doida da história era eu. – Claro que sei! Acabei de falar algumas matérias tem cinco segundos. É cada uma. 

  Depois virou para frente me deixando sem entender absolutamente nada.

 Quando terminaram as aulas, fiquei esperando pela Fabi lendo um livro. Ela tinha ido conversar com a Diretora Célia para tentar trocar algumas matérias. O Mateus estava ocupado se matriculando para a aula de piano e de lá iria direto para a república.

 - Consegui... Eu já estava pensando no pior, mas a Célia estava boazinha hoje. – Minha amiga sentou-se ao meu lado, depois de uns cinco minutos.
 
 - Nossa! Nem começou o semestre e a turma do barulho já está aprontando.

 Eu olhei para ela e vi que a provável cena estava na minha frente, então me virei. E mesmo de longe estava dando para presenciar a briga entre o Gustavo junto com seu capanga e melhor amigo Vitor e Luciano um aluno do curso de Redes.

 Na mesma hora vimos a diretora Célia apartando a briga e mandando os bagunceiros para a sala dela. Isso não abalou muito a rotina da faculdade já que as brigas envolvendo aqueles dois eram quase que diárias.

  - É, voltamos à normalidade. – Senti um pouco de sarcasmo enquanto minha amiga falava. – Bom, eu vou para a república, você ainda tem aula?
- Tenho! A de teatro que é a atividade extra curricular. A primeira reunião é hoje há tarde.

 - Ta bem... – Disse se levantando. – A gente se ver de noite.
- Certo, eu também vou rápido à biblioteca entregar esses livros, antes que a aula comece. 

 Mas quando estava saindo, ouvi outra briga vindo na direção da piscina. 

 Não tive como deixar de olhar, era o professor Antero de educação física que discutia com um rapaz que eu acho que ter visto uma ou duas vezes. Parecia que ele estava recebendo uma bronca, não me contive e fiquei escutando...

 - Se você quer ser campeão, Raul, precisa se esforçar cada vez mais. - O professor falava totalmente alterado.
- Eu não sou um robô, treinador! - O menino falava de modo irônico. - Não posso ir além do meu limite. 

 - Isso é o seu limite? Pois se acha que pular dessa plataforma vai impressionar os jurados, pode desistir da competição...

 Eu estava tão concentrada na briga que me distraí e deixei um dos livros caírem no chão.

 Abaixei rápido para pegar, mas ao me erguer, vi que o estrago estava feito... Os dois me encaravam sem entender nada.

 Mas o professor nem me deixou começar a soltar as velhas desculpas... - Espiando a conversa na qual não está incluída, senhorita Neves?

  - Não... Professor... Eu... - Tentava não engasgar, mas o nervoso e a vergonha tomou conta do meu ser.

 - Volte para sua sala... Isso não é com você. – Ele foi falando sem dar chances de me explicar, se bem que não tem explicação já que fui pega no ato. 

 - Vou tomar uma chuveirada. - O rapaz falou olhando para mim, fazendo a atenção do professor se voltar para ele. 

 Depois saiu em direção ao vestiário, com o treinador ainda berrando atrás. - Volte aqui, Raul... Ainda não terminamos... Raul!

 Ainda mais nervosa, deixei outro livro cair. 

 - Eu não acredito que fiz isso. - Resmungava enquanto me abaixava para pegar o exemplar de Direto trabalhista.